Lucas Pordeus León | Agência Brasil - Brasília

 

A primeira-ministra da pequena ilha caribenha de Barbados, Mia Mottley, é um dos destaques do evento organizado pelo presidente francês, Emmanuel Macron, que começa nesta quinta-feira (22), em Paris. Chamado de Cúpula para o Novo Pacto Financeiro Global, o encontro deve contar com a participação de mais de 300 entidades públicas, privadas ou não governamentais, incluindo mais de 100 chefes de Estado, entre eles, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

O destaque de Barbados, que deve abrir o evento junto ao presidente Macron, se deve ao fato de o país liderar a chamada “Iniciativa de Bridgetown”. A ex-colônia britânica, que se tornou independente em 1966, lidera proposta que exige que os países mais industrializados e desenvolvidos arquem com as despesas e os financiamentos necessários para fazer frente às mudanças climáticas nos países em desenvolvimento.

Entre as propostas, estão a suspensão de dívidas para os países mais pobres, a expansão dos empréstimos do Banco Mundial e do Fundo Monetário Internacional (FMI) em US$ 1 trilhão para países em desenvolvimento investirem em “resiliência climática”, além da criação de um fundo global de até US$ 5 trilhões para mitigar os efeitos das mudanças climáticas. Nesse último caso, os recursos não passariam pelas atuais instituições multilaterais como Banco Mundial e FMI, tornando, em tese, mais democrático o acesso aos recursos.

O professor-associado do Instituto de Economia da Unicamp, Pedro Paulo Bastos, destaca que o aquecimento global resulta basicamente do crescimento econômico dos países desenvolvidos. “Os países desenvolvidos são largamente responsáveis pelo problema, mas calcula-se que 97% dos problemas vão ocorrer sobretudo nos países pobres”. O especialista explica que esses países estão localizados nas zonas tropicais mais vulneráveis a secas ou inundações provocadas pela elevação das temperaturas.

“Mais de 50% dos gases de efeito estufa do planeta são emitidos por não mais do que cinco ou seis países, e por não mais que 20 grandes empresas multinacionais”, aponta a pesquisa do professor José Luís Fiori, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Entre esses países, estão China, Estados Unidos, Índia, Rússia, Japão e Alemanha.

“Então existe uma base científica para exigir uma enorme transferência de recursos dos países que são culpados, responsáveis pelo problema, para os países que, não tendo nenhuma responsabilidade significativa no aquecimento global, vão ser os mais prejudicados”, analisou o professor Pedro Paulo Bastos.

Para o especialista, a proposta francesa não está muito clara, enquanto a proposta de Barbados tem mais força “Macron está tentando tomar a iniciativa para moderar e esvaziar as propostas que vêm do Sul (global)”. Bastos avalia que o presidente francês quer, por prestígio político, se apresentar como liderança global mais que a Mia Mottley e, ao mesmo tempo, mitigar a radicalidade da proposta de Bridgetown.

 

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