A biblioteca do Instituto de Economia da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), no interior paulista, é uma espécie de anexo do Centro de Documentação (Cedoc) daquela unidade.
Sobretudo funcional, o espaço desenhado por Luiz Bloch e Heloísa Herkenhoff é singelo - um retângulo apenas - o que não o impede de exibir sutilezas de desenho (externo e interno), fundamentais à boa arquitetura.
A implantação, que se adapta à topografia e permite aproveitar a iluminação e a ventilação natural, é um dos principais atributos do complexo do Instituto de Economia.
A biblioteca apresenta a mesma linha de projeto dos demais prédios. Como complemento do Cedoc, observa-se soluções de continuidade entre a edificação da biblioteca e a existente, com rampa de acesso articulando, de forma simbólica, a transição entre passado e presente.
O prédio demarca, porém, sua condição contemporânea tanto pela escolha das cores como no desenho distinto das três faces visíveis do retângulo.
Com a construção, reorganizaram-se espacialmente áreas administrativas, serviços e apoios, no prédio existente - que foi reformado - e acervo, leitura e pesquisa, no novo bloco.
Defensor da tese de que em determinadas situações o arquiteto deve contar com o apoio de especialistas, Luiz Bloch diz que o programa da biblioteca foi discutido com assessoria especializada na matéria.
A nova construção apóia-se em estrutura metálica e seu fechamento é em alvenaria de blocos revestida com massa grossa. Telhas metálicas foram empregadas na cobertura, que exibe ainda aberturas em shed por onde vaza a iluminação natural.
“O prédio é um túnel de seção retangular de 12 x 7 metros, com uma extremidade aberta que engata no setor administrativo”, explica Bloch. “A outra, área de leitura, é temporariamente vedada por um grande caixilho protegido por quebra-sol, que poderá ser deslocado em futura expansão”, acrescenta.
A construção dispõe de poucas aberturas laterais, caprichosamente desenhadas na face externa.
Internamente, a biblioteca, que possui dois pavimentos (térreo e mezanino), que se comunicam tanto por escada como por elevador que serve aos portadores de necessidades especiais e transporta livros.
Antecedendo a área do acervo, o hall de leitura - uma espécie de foyer - estende-se para um agradável terraço descoberto. Forros termoacústicos e revestimentos especificados por consultorias asseguram condições apropriadas de conforto.
A implantação de áreas de estudo no fundo do prédio conduz deliberadamente os usuários a um passeio pelo salão, estabelecendo comunicação quase tátil com os livros.
Referência arquitetônica
Uma das mais conceituadas instituições educacionais do país, a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) foi inaugurada em 1966. O Instituto de Economia, onde se projetaram alguns dos principais especialistas dessa área no país, é contemporânea da instalação da escola. Sua atual sede, porém, foi implantada na década de 1980 (e formalmente aberta em 1986) a partir de projeto do arquiteto Luiz Bloch, em parceria com Marco Túlio Alencar. Decorridos 17 anos, o conjunto tornou-se referência arquitetônica no campus - volta e meia recebe visita de alunos (e professores) interessados em conhecer a solução aplicada ali.
Texto resumido a partir de reportagem de Adilson Melendez
Publicada originalmente em PROJETODESIGN
Edição 281 Julho de 2003
Fonte: https://revistaprojeto.com.br/acervo/bloch-so-arquitetura-e-urbanismo-biblioteca-da-23-07-2003/