PREMIAÇÃO
Por Davi Carvalho
O projeto Cultiva, do Instituto de Economia da Unicamp, conquistou o primeiro lugar no “Hackaton São Paulo pelo Clima – Rumo à COP30”, promovido pela Prefeitura de São Paulo por meio da Secretaria Executiva de Mudanças Climáticas (SECLIMA). A iniciativa mobilizou estudantes universitários de todo o país na criação de soluções inovadoras para cidades mais resilientes e sustentáveis, em consonância com os objetivos do Plano de Ação Climática de São Paulo (PlanClimaSP).
Participaram do evento os estudantes Allan Cavazzoti Lima, Almirêz Colombani Bispo de Almeida, Ana Luísa Cardoso, Pablo Fantinatti Medina e Rubens Gabriel Rezende Nunes, sob orientação da professora Camila Veneo Campos Fonseca. A equipe apresentou a proposta “Integração entre a oferta de alimentos dos produtores familiares do Sampa + Rural e a demanda das Cozinhas Solidárias via Programa de Aquisição de Alimentos (PAA)”, que conquistou o primeiro lugar entre os projetos inscritos.
O trabalho cria uma rede de conexão entre produtores locais e cozinhas solidárias da cidade, utilizando bases de dados públicas e ferramentas de análise territorial. A proposta busca fortalecer a segurança alimentar e nutricional, garantir renda justa aos agricultores familiares, reduzir perdas logísticas e incentivar o consumo de alimentos frescos e agroecológicos, contribuindo para a redução das emissões de gases de efeito estufa e o aumento da resiliência climática urbana.
Para a professora Camila Veneo, coordenadora do Cultiva, a conquista representa uma validação externa muito importante das atividades que vem sendo desenvolvidas: “trata-se de um reconhecimento de que o esforço de aproximar universidade, gestão pública e comunidades locais tem gerado resultados concretos e relevantes para o enfrentamento das mudanças climáticas”, pontua. Segundo ela, o prêmio “reforça a própria essência de um projeto de extensão: contribuir efetivamente com a sociedade. No caso do Cultiva, isso ocorre em uma escala ampliada, ao dialogar diretamente com o poder público sobre políticas que promovem cadeias curtas de abastecimento e práticas mais sustentáveis no espaço urbano, contribuindo para agendas estratégicas nacionais — especialmente em um momento em que o Brasil sedia a COP30", afirma.
O Cultiva propôs o uso de dados abertos e técnicas de clusterização para aproximar a produção de alimentos das áreas com demanda, via cozinhas solidárias. O modelo integra variáveis como localização, escala produtiva e diversidade de cultivos para identificar rotas mais curtas e eficientes de abastecimento, promovendo maior sustentabilidade.
Camila Veneo explica que o projeto atua em múltiplas dimensões, buscando resultados concretos junto à sociedade: “O Cultiva tem como objetivo central fortalecer a agricultura urbana e periurbana e promover a interlocução entre sociedade civil — na figura dos produtores —, a gestão pública e a universidade. Na prática, isso significa apoiar a renda de agricultores por meio de cadeias curtas que aproximam produção e consumo; contribuir para a segurança alimentar ao promover a oferta de alimentos frescos e de base agroecológica; fomentar práticas de educação ambiental e nutricional; estimular usos mais sustentáveis do espaço urbano; e fortalecer a inclusão da agricultura local nas políticas públicas municipais.”
A proposta também demonstra como políticas públicas integradas — como o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) e o Programa Cozinhas Solidárias (PCS) — podem ser potencializadas por meio de ciência de dados e cooperação intersetorial. Além de contribuir para metas ambientais, a iniciativa promove o desenvolvimento econômico inclusivo e reforça o papel da agricultura familiar na mitigação das ilhas de calor, na preservação de áreas verdes e na adaptação às mudanças climáticas.
O “Hackaton São Paulo pelo Clima” recebeu inscrições de grupos universitários de diferentes regiões, cada um orientado por um docente, com foco na elaboração de projetos alinhados aos princípios de justiça climática e inovação social. Os quatro melhores projetos foram premiados e encaminhados às secretarias municipais competentes para análise de viabilidade e eventual implementação.
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O Instituto de Economia da UNICAMP foi criado em 1984 e tem por finalidade a promoção do ensino e da pesquisa na área de Economia.
